SMTT diz que fiscalizações são intensificadas nos fins de semana.
SMCCU diz que é inviável notificar todos os estabelecimentos comerciais.
A capital alagoana se desenvolve a cada ano e, como todas as grandes cidades do país, isso ocorre de forma desordenada. O reflexo desse crescimento é sentido principalmente no trânsito, cada vez mais complicado. Uma infração bastante comum é o estacionamento indiscriminado de veículos nas calçadas de Maceió. Virou hábito dos motoristas e os pedestres se acostumaram a ter que ir para o meio da rua para seguir o seu caminho.
Os motoristas que agem desta forma culpam, muitas vezes, os estabelecimentos comerciais que rebaixam a guia, pintam faixas demarcando vagas, mas não têm o direito de ter estacionamento porque não deixam espaço suficiente para o pedestre. E aí vem a pergunta: de quem é a culpa?
Um internauta levou uma multa da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de Maceió em frente a uma churrascaria na Avenida Álvaro Calheiros, no bairro de Jatiúca. Ele se revoltou e fez um post em grupo fechado no Facebook.
Muitos o criticaram, outros o defenderam, teve ainda quem defendesse os comerciantes porque a cidade não tem espaço para que os carros estacionem. A discussão deu o que falar, mas o Código de Trânsito Brasileiro é claro: Estacionar o veículo no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim público configura infração grave, passível de multa e de remoção do veículo.
No último domingo (23), os agentes foram na mesma churrascaria onde o internauta foi autuado e aplicou outras multas.
Acompanhava a abordagem na calçada, quando o dono do estabelecimento, o empresário Rudmar Antonio Dalla Costa, foi chamado para retirar o veículo dele da calçada. Ao perceber que a equipe de reportagem estava no local, ele reagiu de maneira inesperada. Saiu com o carro bruscamente e quase atingiu o cinegrafista. Depois ainda agrediu a repórter Catarina Martorelli. A ação foi repudiada pelo Sindicato dos Jornalistas.
Procurou o proprietário da churrascaria, mas eles estava viajando. A esposa dele, Roberta Boroni, atendeu à reportagem e afirmou que o ocorrido ''não foi bem como a reportagem da TV Gazeta mostrou''. “Ele não jogou o carro em cima de ninguém, dá para ver na imagem que ele deu ré antes e depois saiu. Se ele jogasse o carro, como estão falando, ele bateria no poste que tem em frente. E a repórter o tirou do sério, porque ele dizia o tempo todo que não queria dar entrevista, nem ser filmado, mas ela insistia com o microfone. Foi quando ele tentou tirar o microfone da mão dela e ela virou o braço, dando a entender que ele tinha torcido. Mas isso não foi mostrado no video”, se defende.
Sobre o estacionamento na frente do estabelecimento, a esposa do proprietário diz que terá que estudar uma maneira junto à prefeitura. “Eu não tenho como recuar o prédio e se não tiver como colocar os carros aqui, teremos que fechar o restaurante, causando desempregos. Maceió não tem espaço para estacionamento e a prefeitura precisa nos ajudar”, questiona Roberta.
Quem fiscaliza as calçadas dos estabelecimentos comerciais é a Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU). O Código de Posturas diz que bares, restaurantes, lojas ou qualquer comércio pode ter estacionamento, mas precisa deixar um espaço mínimo de dois metros de calçada livre. Entretanto, há muitos casos em que a medida é desrespeitada.
É só percorrer as ruas onde há uma grande concentração de estabelecimentos comerciais para perceber que a maioria usa o passeio como estacionamento. No bairro do Farol, na Rua Prof. José da Silveira Camerino, outra loja se apropria indevidamente da calçada. O universitário Arthur dos Anjos, que mora na região, reclama do risco de ter que descer para o asfalto por causa dos infratores.
"Eu tenho que ir para a rua pra conseguir passar, às vezes eu até atravesso para o outro lado, para não correr tanto risco de ser atropelado. E não é só aqui, isso acontece em vários locais", desabafa o universitário. Não há respeito pelo pedestre, principalmente pelos idosos e deficientes físicos, que têm mais dificuldade para se locomover.
Fiscalização
O diretor de edificações da SMCCU, André Paiva, explica que o estabelecimento não pode rebaixar guia, nem pintar faixas amarelas na calçada porque realmente pode "induzir o motorista ao erro". Ele diz ainda que a loja, farmácia, bar, restaurante ou qualquer comércio pode ser notificado e até fechado por descumprir o código.
No entanto, Paiva confessa que seria difícil autuar todos os estabelecimentos que cometem esse tipo de infração. "É uma questão cultural, difícil de mudar. Se a gente for fazer isso, vou ter que fechar quase toda a cidade", diz o diretor de edificações.
"As novas galerias e edificações já fazem em um novo padrão, como o Passeio Stella Maris. O pedestre fica seguro por andar próximo as lojas que fazem um recuo e deixam o espaço para os veículos", diz.
Já o diretor de operações da SMTT, Carlos Calheiro, diz que os agentes intensificam as fiscalizações nos fins de semana, período em que há mais infrações. E que o problema está praticamente enraizado na educação dos motoristas. “Se todo mundo estaciona ali, porque eu não vou estacionar? Esse é o pensamento das pessoas e isso precisa mudar", afirma.
A população pode denunciar os infrantores ligando para a central da SMTT no (82) 3315-3590.